quinta-feira, 14 de março de 2013

O Condutor e a Alimentação


A alimentação tem sido ao longo da história uma constante nas preocupações do homem. O desenvolvimento das civilizações tem estado intimamente ligado à forma como nos alimentamos.
Preocupa-me não saber quantos portugueses mais irão passar fome. Muitos deles já velhotes e muitos, também, ainda crianças e jovens. Preocupa-me o flagelo social que se está a abater sobre o país, vítima de políticas criminosas nos últimos trinta anos. Preocupa-me saber que a nossa classe política não presta e está subjugada, esmagada, pelos interesses de uns quantos grupos económicos e financeiros.
É do conhecimento geral que tanto o risco de condução como os acidentes rodoviários não têm geralmente uma causa única, resultando antes de uma falta de equilíbrio entre os vários elementos do sistema de circulação. Contudo, o que nem sempre é assim tão evidente para todos é o fato de serem muitos os acidentes para cujas causas e explicações da sua ocorrência estarem longe de ser tão claras e óbvias como o é uma falha mecânica, o excesso de velocidade, a taxa de alcoolémia, etc. Na verdade, é frequente a ocorrência de acidentes aparentemente inexplicáveis, na origem dos quais se podem encontrar fatores tão pouco falados como a alimentação e/ou o hábito de fumar ao volante!
De facto, sendo hoje em dia a condução automóvel uma atividade diária e rotineira, raramente paramos para pensar no impato que vários fatores também eles vulgares podem ter na nossa condução. Contudo, no que à alimentação diz respeito constata-se que fatores como o tipo de alimentação e/ou a frequência das refeições podem ter um forte peso no nosso comportamento ao volante!
Mas que implicações podem ter na condução os hábitos alimentares incorretos?
Entre outras possíveis razões, constata-se que a alimentação inadequada poderá:
  • Contribuir para aumentar ou desencadear a fadiga no condutor;
  • Fomentar a desconcentração, o aparecimento de sono ou até mesmo potenciar os seus efeitos;
  • Desencadear más disposições ou pequenos enjoos;
  • Suscitar condutas anómalas, que poderão ir desde a distração até mesmo à irritabilidade do condutor.
Sendo assim, embora a atividade de conduzir não implique a colocação de uma dieta especial, o certo é que a observação de certas regras muito simples poderá evitar o aparecimento de muitos efeitos nefastos que prejudicam o comportamento do condutor ao volante. A título de exemplo, importa salientar que em viagem
  • O almoço e o jantar devem fazer-se a horas habituais, evitando-se períodos demasiado longos ou irregulares em relação ao que é hábito;
  • Devem fazer-se refeições ligeiras frequentes com pouca abundância de alimentos, em vez de refeições escassas e pesadas;
  • Não se deve iniciar uma viagem longa sem se ter ingerido qualquer tipo de alimento, principalmente, quando se pensa estar algum tempo sem fazer uma paragem;
  • Depois das refeições principais deve esperar-se algum tempo antes de se voltar a conduzir devendo mesmo, se possível, fazer-se um pequeno passeio;
  • Não se deve comer durante a condução, pois a distração que tal comportamento pode provocar constitui um fator de risco não só frequente como também extremamente perigoso;
  • Se viajar de manhã, deverá tomar um pequeno-almoço abundante e, isto porque, é natural que o primeiro troço seja mais dilatado, razão pela qual necessitará de mais reservas energéticas do que é habitual;
  • Relativamente ao almoço e jantar, embora não necessite de uma ementa especial, estas refeições não devem ser abundantes mas antes de f+acil digestão, devendo assim ser ricas em hidratos de carbono, com baixo conteúdo de gordura animal, evitando-se ao máximo os alimentos flatulentos bem como os demasiado condimentados ou muito salgados.
Importa, também, salientar que deverá aproveitar as paragens esporádicas ao longo da viagem para ingerir alimentos “leves”, tal como é o caso do iogurte, das bolachas, da fruta, etc, devendo estes alimentos ser acompanhados da ingestão de água ou bebidas não gaseificadas, preferencialmente de sumos naturais.
Falando agora para os candidatos a condutores, esqueçam o mitoque devem tomar um calmante ou beber qualquer tipo de alcool para acalmar nos exames de condução!
Nesses dias, não alterem os hábitos alimentares nem imaginam qualquer tipo de álcool ou tomem qualquer calmante.
Lembrem-se, que o êxito do vosso exame, é o resultado da preparação que obtiveram nas aulas e principalmente do tipo de escola e ensino que vos ministraram!
Citando Lucius Annaeus Seneca: “O homem que sofre antes de ser necessário, sofre mais do que o necessário”!
Amilcar Ferreira
Diretor/Instrutor Escola de Condução Estrela do Nabão

sábado, 2 de março de 2013

Ensino de Condução em Portugal! Quanto Vale Uma Carta de Condução?


Já escrevi aqui, em crónicas anteriores, sobre valores concretos do custo de uma carta de condução. Hoje, vou tentar analisar o assunto de uma perspetiva diferente, percebendo que significado damos a uma carta de condução.
Reparem que a carta de condução é obtida apenas uma vez, salvo muito raras exceções, ficando o seu portador na posse de uma ferramenta que irá utilizar quase todos os dias até perto do final da sua vida, na maioria dos casos.
Atualmente, a condução de um veículo é uma condição quase essencial para a grande parte da população satisfazer as necessidades da mobilidade, tanto a nível profissional como de lazer.
Ora, tratando-se de uma ferramenta tão importante e que é utilizada tantas vezes e durante tanto tempo, podemos fazer aqui um pequeno exercício de comparação relativamente a outros bens ou serviços pelos quais também pagamos um determinado valor.
Qual o valor de uma carta de condução comparada com uma viagem ao Brasil ou às Caraíbas? Quanto iremos gastar nos próximos 20/30 anos em iphones ou smartphones? Quanto gastam os jovens candidatos à obtenção de carta em festivais de rock durante os 6 ou 7 anos em que têm paciência para comer pó, dormir e comer mal? Quanto custou o LCD que temos na sala e que só tiraríamos verdadeiro proveito dele se partíssemos a parede e nos sentássemos a ver televisão no final da sala do vizinho? Podemos, também, fazer esta comparação com todos os outros gastos que são necessários para podermos conduzir. Quanto iremos gastar em todos os automóveis que compramos durante toda a nossa vida? Quanto iremos gastar em combustível durante os 30, 40 ou 50 anos em que conduzimos? Quanto iremos gastar em pneus? Em impostos de circulação? Em revisões automóveis?
Escrevendo agora diretamente para alguns profissionais do ensino da condução, estas são perguntas que devem fazer aos candidatos, aos vossos potenciais alunos, mas principalmente que devem fazer a vós próprios. Que valor estão a dar à obtenção de uma carta de condução e mais importante do que isso. A ENSINAR A CONDUZIR, ao trabalhar da forma em que estão? Que credibilidade estão a dar ao vosso trabalho? Ensinem a conduzir, não vendam cartas!
E de que forma está esta conversa toda relacionada com a imagem deste artigo? Tal como Mcnamara, eu gosto do que faço. Adoro ensinar a conduzir, sinto-me um privilegiado por isso e também por liderar uma equipa de profissionais que, no ano que à pouco findou apresentámos uma taxa de aprovações de 100% em ciclomotores, pesados e formação CAM e 98,2% de aprovações em motociclos e ligeiros, certamente que é record a nível nacional.
Hoje já ninguém acredita naqueles preços de 400 euros ou até menos em que as pessoas reprovam, voltam a reprovar, gastam mais de 1000 euros e é um desânimo total para quem se inscreveu nessas escolas.
A lei mudou, os examinadores são confrontados com uma série de exigentes requisitos, que, só alunos bem preparados terão êxito. É o fim das escolas low-cost, que, não tenho dúvidas tanto mal provocaram aos candidatos a condutores!
Hoje os examinadores já sabem da má preparação que advém das escolas low-cost e antes de iniciarem o exame a alunos vindos dessas escolas já estão quase reprovados!
Obter a carta de condução, nunca será como ir ao supermercado comprar um kg de maçãs!
Trabalhem com qualidade, com seriedade, trabalhem para formar bons condutores, para diminuir a sinistralidade rodoviária, para que as gerações futuras tenham cada vez maior civismo ao volante.
Vençam a concorrêcia por terem os melhores instrutores, por formar o melhores condutores, por terem as maiores taxas de aprovação. Dêem o melhor de vós e no final, cobrem um preço justo por isso.
Só assim, será possível continuarem a encarar o domingo à noite com o mesmo sorriso nos lábios de sexta-feira!
Amilcar Ferreira