sábado, 2 de março de 2013

Ensino de Condução em Portugal! Quanto Vale Uma Carta de Condução?


Já escrevi aqui, em crónicas anteriores, sobre valores concretos do custo de uma carta de condução. Hoje, vou tentar analisar o assunto de uma perspetiva diferente, percebendo que significado damos a uma carta de condução.
Reparem que a carta de condução é obtida apenas uma vez, salvo muito raras exceções, ficando o seu portador na posse de uma ferramenta que irá utilizar quase todos os dias até perto do final da sua vida, na maioria dos casos.
Atualmente, a condução de um veículo é uma condição quase essencial para a grande parte da população satisfazer as necessidades da mobilidade, tanto a nível profissional como de lazer.
Ora, tratando-se de uma ferramenta tão importante e que é utilizada tantas vezes e durante tanto tempo, podemos fazer aqui um pequeno exercício de comparação relativamente a outros bens ou serviços pelos quais também pagamos um determinado valor.
Qual o valor de uma carta de condução comparada com uma viagem ao Brasil ou às Caraíbas? Quanto iremos gastar nos próximos 20/30 anos em iphones ou smartphones? Quanto gastam os jovens candidatos à obtenção de carta em festivais de rock durante os 6 ou 7 anos em que têm paciência para comer pó, dormir e comer mal? Quanto custou o LCD que temos na sala e que só tiraríamos verdadeiro proveito dele se partíssemos a parede e nos sentássemos a ver televisão no final da sala do vizinho? Podemos, também, fazer esta comparação com todos os outros gastos que são necessários para podermos conduzir. Quanto iremos gastar em todos os automóveis que compramos durante toda a nossa vida? Quanto iremos gastar em combustível durante os 30, 40 ou 50 anos em que conduzimos? Quanto iremos gastar em pneus? Em impostos de circulação? Em revisões automóveis?
Escrevendo agora diretamente para alguns profissionais do ensino da condução, estas são perguntas que devem fazer aos candidatos, aos vossos potenciais alunos, mas principalmente que devem fazer a vós próprios. Que valor estão a dar à obtenção de uma carta de condução e mais importante do que isso. A ENSINAR A CONDUZIR, ao trabalhar da forma em que estão? Que credibilidade estão a dar ao vosso trabalho? Ensinem a conduzir, não vendam cartas!
E de que forma está esta conversa toda relacionada com a imagem deste artigo? Tal como Mcnamara, eu gosto do que faço. Adoro ensinar a conduzir, sinto-me um privilegiado por isso e também por liderar uma equipa de profissionais que, no ano que à pouco findou apresentámos uma taxa de aprovações de 100% em ciclomotores, pesados e formação CAM e 98,2% de aprovações em motociclos e ligeiros, certamente que é record a nível nacional.
Hoje já ninguém acredita naqueles preços de 400 euros ou até menos em que as pessoas reprovam, voltam a reprovar, gastam mais de 1000 euros e é um desânimo total para quem se inscreveu nessas escolas.
A lei mudou, os examinadores são confrontados com uma série de exigentes requisitos, que, só alunos bem preparados terão êxito. É o fim das escolas low-cost, que, não tenho dúvidas tanto mal provocaram aos candidatos a condutores!
Hoje os examinadores já sabem da má preparação que advém das escolas low-cost e antes de iniciarem o exame a alunos vindos dessas escolas já estão quase reprovados!
Obter a carta de condução, nunca será como ir ao supermercado comprar um kg de maçãs!
Trabalhem com qualidade, com seriedade, trabalhem para formar bons condutores, para diminuir a sinistralidade rodoviária, para que as gerações futuras tenham cada vez maior civismo ao volante.
Vençam a concorrêcia por terem os melhores instrutores, por formar o melhores condutores, por terem as maiores taxas de aprovação. Dêem o melhor de vós e no final, cobrem um preço justo por isso.
Só assim, será possível continuarem a encarar o domingo à noite com o mesmo sorriso nos lábios de sexta-feira!
Amilcar Ferreira