Já
escrevi aqui, em crónicas anteriores, sobre valores concretos
do custo de uma carta de condução. Hoje, vou tentar
analisar o assunto de uma perspetiva diferente, percebendo que
significado damos a uma carta de condução.
Reparem
que a carta de condução é obtida apenas uma vez,
salvo muito raras exceções, ficando o seu portador na
posse de uma ferramenta que irá utilizar quase todos os dias
até perto do final da sua vida, na maioria dos casos.
Atualmente,
a condução de um veículo é uma condição
quase essencial para a grande parte da população
satisfazer as necessidades da mobilidade, tanto a nível
profissional como de lazer.
Ora,
tratando-se de uma ferramenta tão importante e que é
utilizada tantas vezes e durante tanto tempo, podemos fazer aqui um
pequeno exercício de comparação relativamente a outros
bens ou serviços pelos quais também pagamos um
determinado valor.
Qual
o valor de uma carta de condução comparada com uma
viagem ao Brasil ou às Caraíbas? Quanto iremos gastar
nos próximos 20/30 anos em iphones ou smartphones? Quanto
gastam os jovens candidatos à obtenção de carta
em festivais de rock durante os 6 ou 7 anos em que têm
paciência para comer pó, dormir e comer mal? Quanto
custou o LCD que temos na sala e que só tiraríamos
verdadeiro proveito dele se partíssemos a parede e nos sentássemos
a ver televisão no final da sala do vizinho? Podemos, também,
fazer esta comparação com todos os outros gastos que
são necessários para podermos conduzir. Quanto iremos
gastar em todos os automóveis que compramos durante toda a
nossa vida? Quanto iremos gastar em combustível durante os 30,
40 ou 50 anos em que conduzimos? Quanto iremos gastar em pneus? Em
impostos de circulação? Em revisões automóveis?
Escrevendo
agora diretamente para alguns profissionais do ensino da condução,
estas são perguntas que devem fazer aos candidatos, aos vossos
potenciais alunos, mas principalmente que devem fazer a vós
próprios. Que valor estão a dar à obtenção
de uma carta de condução e mais importante do que isso.
A ENSINAR A CONDUZIR, ao trabalhar da forma em que estão? Que
credibilidade estão a dar ao vosso trabalho? Ensinem a
conduzir, não vendam cartas!
E
de que forma está esta conversa toda relacionada com a imagem
deste artigo? Tal como Mcnamara, eu gosto do que faço. Adoro
ensinar a conduzir, sinto-me um privilegiado por isso e também
por liderar uma equipa de profissionais que, no ano que à
pouco findou apresentámos uma taxa de aprovações
de 100% em ciclomotores, pesados e formação CAM e 98,2%
de aprovações em motociclos e ligeiros, certamente que
é record a nível nacional.
Hoje
já ninguém acredita naqueles preços de 400 euros
ou até menos em que as pessoas reprovam, voltam a reprovar,
gastam mais de 1000 euros e é um desânimo total
para quem se inscreveu nessas escolas.
A
lei mudou, os examinadores são confrontados com uma série
de exigentes requisitos, que, só alunos bem preparados terão
êxito. É o fim das escolas low-cost, que, não
tenho dúvidas tanto mal provocaram aos candidatos a
condutores!
Hoje
os examinadores já sabem da má preparação
que advém das escolas low-cost e antes de iniciarem o exame a
alunos vindos dessas escolas já estão quase reprovados!
Obter
a carta de condução, nunca será como ir ao
supermercado comprar um kg de maçãs!
Trabalhem
com qualidade, com seriedade, trabalhem para formar bons condutores,
para diminuir a sinistralidade rodoviária, para que as
gerações futuras tenham cada vez maior civismo ao
volante.
Vençam
a concorrêcia por terem os melhores instrutores, por formar o
melhores condutores, por terem as maiores taxas de aprovação.
Dêem o melhor de vós e no final, cobrem um preço
justo por isso.
Só
assim, será possível continuarem a encarar o domingo à
noite com o mesmo sorriso nos lábios de sexta-feira!
Amilcar
Ferreira
Diretor/Instrutor
Escola de Condução Estrela do Nabão