sábado, 15 de novembro de 2014

Multado! E agora?



Ao contrário da generalidade das leis, o código da estrada presume a culpa do condutor, não a sua inocência. Por isso, à mínima suspeita de infracção, é autuado e “convidado” a pagar.
Não vale de nada recusar a notificação ou fazer de conta de que não recebem: a ANSR considera-o avisado da mesma forma e avança com a cobrança.
Com a alteração à lei e quando a notificação for efectuada no ato da verificação da contra-ordenação, o infractor deve, de imediato ou no prazo máximo de 48 horas, prestar depósito de valor igual ao mínimo da coima prevista para a contra ordenação imputada.
Quando o infrator for notificado da contra ordenação por via postal e não pretender efetuar o pagamento voluntário imediato da coima, deve, no prazo máximo de 48 horas após a respetiva notificação, prestar depósito de valor igual ao mínimo da coima prevista para a contra ordenação praticada. Os depósitos referidos, destinam-se a garantir o pagamento da coima em que o infrator possa vir a ser condenado, sendo devolvido se não houver lugar a condenação. Se não for prestado depósito, os documentos serão apreendidos. Será apreendido o título de condução, se a sanção respeitar ao condutor, se a sanção respeitar ao veículo, serão apreendidos os documentos do veículo. Se a sanção respeitar ao condutor e for também ele o proprietário do veículo, serão apreendidos, todos os documentos (condutor e veiculo).
“Hoje” o pagamento das coimas é sempre em depósito, converter-se-á em definitivo, se, ao fim de quinze dias úteis o leitor nada fizer, ou seja, não impugnar. Ser autuado não quer dizer que tenho obrigatoriamente de concordar com a coima. Se acha que foi injustamente autuado e pretende contestar, saiba que o pode fazer num prazo de quinze dias úteis. Para isso deve enviar uma carta registada com aviso de receção dirigida à Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), cuja morada é a seguinte: Parque de Ciências e Tecnologias de Oeiras, Avenida de Casal de Cabanas, Urbanização de Cabanas, Golf, nº 1 Tagus Park – 2734-507 Barcarena.
Todavia, a questão de fundo reside num pergunta tão simples como esta: devo contestar a multa, ou não? Se a pergunta é simples, a resposta é bem mais complexa, visto depender de vários fatores e das circunstâncias de cada caso.
O mais gritante é aquele em que somos autuados por uma infração que não cometemos. Não se esqueça, porém, que não basta afirmar que não cometeu a infração, é imprescindível prová-lo. A prova pode ser testemunhal ou documental. Se decidir pela impugnação, deverá consultar um advogado ou alguém que o instrua, no sentido de fazer uma exposição sucinta dos acontecimentos arrole até três testemunhas e se possível apresente documentos que possam confirmá-la.
Na exposição, invoque o artigo nº 175, nº 2 alínea b) do código da estrada.
 Já percebeu caro leitor, que tem ao seu dispor ferramentas de defesa, mas, faça uma condução segura, pense que ao cumprir o regulamento do código da estrada, a sua vida e a dos outros, estará também mais segura e evitará despesas e possíveis conflitos com os agentes autuantes. É minha perceção que os agentes autuantes têm metas (montantes) a atingir em multas ou oferecerão um “prémio de produtividade” proporcional às quantias que conseguirem sacar aos cidadãos mais negligentes. Como não conseguem aumentar as receitas fiscais, como já venderam (quase) tudo o que havia para vender neste país, resta a intensificação das várias fiscalizações susceptíveis de confiscar mais uns euros aos portugueses.
Diretor/Instrutor 

sábado, 11 de outubro de 2014

CAÇAR A CAÇA À MULTA



Poucos serão os automobilistas deste País que ainda não foram autuados por excesso de velocidade ou estacionamento, em situações que cheiram claramente a injustiça e a caça à multa.
Em resumo, o que se passa é que, as patrulhas das forças policiais, optam frequentemente por se instalar bem confortáveis e escondidos em locais onde não há perigo aparente ou latente, com o radarzinho numa mão e o terminal do multibanco na outra, tal qual pescador à espera do encanto peixe que morda no anzol. E não é preciso esperar muito, os peixes “mordem todos” sem saber sequer que estavam a ser pescados. Ao final do dia a “pescaria” dava para abastecer o Canadá durante um mês.
O que é grave, diria mesmo insuportável, é que todos sabemos que muitas destas operações (não todas como é evidente), são verdadeiras caças à multa motivadas exclusivamente pelo desígnio de angariar receitas para os cofres, ajudando a “pagar” BPP, BPN, PPP, BES e afins.
Na zona de Tomar, a caça à multa junto á Fábrica da Platex, Santa Marta, Alvito, são um exemplo evidente. O que estão a fazer, em nada diminui a Taxa de Sinistralidade e deveria ser esse o objectivo.
Não estará o estado a utilizar um direito que lhe assiste de forma abusiva, para atingir um fim que nada tem a ver com a razão pela qual o direito lhe é conferido?
Será que esse desvio do direito em causa para atingir fins de arrecadação de receitas não excede manifestamente os limites da boa-fé? Sinalizem onde estão radares e aí sim “ poupariam “ muitas vidas.
Se são competentes para mandarem a “cartinha” para casa porque numa zona de velocidade máxima de 50 Kms/hora alguém circulava a 60 Kms/hora, qual o porquê de
não haver coimas por: posicionamento indevido na mudança de direcção à esquerda e na circulação em rotundas, contorno de placas triangulares pelo lado errado, não feitura de “piscas”, circulação em mínimos com as condições atmosféricas adversas? Desconhecimento do regulamento do código da estrada? Ou a lei do mais fácil e “dá milhões”! Preocupem-se acima de tudo na fiscalização da taxa de álcool no sangue, condução sob o efeito de drogas, condução sem título, sem seguro obrigatório, sem inspecção obrigatória e veículos a circularem com nível de poluição atmosférica e sonora não permitido pela lei. Quanto à “caça à multa” nos estacionamentos, à décadas que é uma rotina nos agentes autuantes. Na nossa querida cidade de Tomar que amamos, existe um rol de queixas, por inúmeras autuações sem nexo nem bom senso. Recordo pretensas autuações junto ao estádio de futebol a equipas de competições desportivas que nos visitaram. “Agora” , que na nossa cidade de tomar foi imposto o atravessamento da corredora para cargas e descargas às horas que alguém sonhou , violando normas constitucionais, não quero acreditar que haja algum “jogo”  de interesses, com objectivos bem definidos, afinal os parques de estacionamento estão a render uma “pipa de massa”.
Citando Maximilier de Rogespizrre:
 “ A mesma autoridade divina que ordena aos reis serem justos, proíbe aos povos serem escravos” .
Amilcar Ferreira

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O PAI FORMADOR OU EDUCADOR?



A carta de condução, nos dias de hoje , é um bem de extrema necessidade. É uma ferramenta que, por vezes permite “arranjar” trabalho, bem como uma autonomia nas mais diversas deslocações.
Acontece que, cada vez mais, os jovens desejam ter uma autonomia de movimento, não estando sujeitos à dependência dos pais para de deslocarem entre pontos do seu interesse ou necessidade. Querem ser possuidores de uma carta de condução e, se possível, de um veículo próprio.
Quando se acercam de uma escola de condução, buscam, erradamente, o valor mais baixo e pouco se preocupam com a qualidade na formação. Quando chega o momento de desenvolver a prática “da coisa”, optam, alguns pais, por assumirem o papel de formador e desenvolvem lições caseiras, recorrendo a parques de estacionamento ou vias públicas pouco movimentadas.
É verdade que um pai encartado é uma pessoa habilitada a conduzir um veículo na via pública. No entanto, sabemos que a condução de uma pessoa encartada vai sofrendo alterações ao longo dos anos de prática, sendo regras formais substituídas por regras informais e que vão adquirir uma presença formal nesse condutor.
Ao “ensinar” o seu filho a conduzir em “casa”, as regras que vão ser ministradas são as falsas formais, o que vai fazer com que haja conflito quando o jovem as aplicar no ensino da escola de condução ou até no exame prático.
Assim, coloca-se a questão; será um pai/mãe um bom formador se não estiver habilitado a sê-lo nessa área, ou será melhor optar pela vertente educador? A resposta parece-me bastante clara. Um pai/mãe, antes de pensar em ser um formador, deve ser um bom educador. Deve dar bons exemplos rodoviários ao seu filho (a), ter boas posturas e correctos comportamentos.
Antes de pensar em colocar o seu filho (a) ao volante de um automóvel, deve ensina-lo  a andar de bicicleta, oferece-lhe um manual de regras de segurança para essa mesma bicicleta e, mais tarde, um livro de “Código da Estrada” para que ele(a), possam começar a ter um contacto, com as regras e sinais de trânsito.
Quando chegar o dia em que o filho diz ao pai que quer aprender a conduzir, o pai deve com ele sentar-se a uma mesa e juntos desenvolverem uma serie de testes de código da estrada para perceberem, os dois, cada um no seu campo se, o pai tem real conhecimento das regras e sinais de transito para as poder transmitir ao seu filho e o filho se conhece minimamente essas mesmas regras e sinais de transito.


Porque se nenhum deles estiver preparado, não devem avançar para o passo seguinte, é que os pais avançam para o papel de formador, esquecendo-se do de educador e depois o custo do processo sai muito mais caro, pois não permitem aos seus filhos adquirirem formação essencial. 
Não ofereça só ao seu filho uma “carta de condução” ofereça lhe uma formação de qualidade, poderá fazer toda a diferença em ver por muitos anos, o seu filho vivo ou não.
“O inteligente resolve os problemas, o sábio previne-os!”

Diretor/Instrutor – Escola de Condução Estrela do Nabão

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Uma indecisão pode marcar a vida!

O regresso às aulas está de volta e com isso a azáfama que se vive diariamente no trânsito: filas de quilómetros, ora pára ora arranca, falar ao telemóvel, mudanças de direção mal sinalizadas, inexistência de distâncias de segurança, entre outros. As pessoas ficam, por isso, stressadas, ansiosas e irritadas, o que as leva, muitas vezes, a tomar as decisões erradas sobre uma tarefa tão complexa quanto a condução. 
A nossa vida pode mudar em 1 minuto…60 segundos apenas bastam para virar o nosso mundo ao contrário…comigo foi assim…num minuto ele estava a deixar-me na escola….no outro um motorista matou-o…a ele…ao homem da minha vida! A minha vida mudou para sempre…em apenas 1 minuto!
 É com tristeza que 14 anos depois, constato que nada mudou. Antes pelo contrário, a estrada tornou-se numa verdadeira selva! Falta educação no trânsito, falta o conhecimento pleno do Código da Estrada e, o mais importante de tudo, o saber cooperar, comunicar e respeitar os outros! 
O automóvel é uma arma, uma das mais perigosas, e ironicamente está ao alcance de qualquer um. Por isso, abracei o mundo do ensino da condução, para tentar mudar mentalidades, para salvar vidas. E isso, garanto-lhe, também, está ao alcance de qualquer um: é tudo uma questão de atitude!
Tudo começa antes de entrar no veículo! O condutor deve adotar uma atitude responsável antes de iniciar a condução, isto é, o condutor deve optar por uma condução defensiva! Conduzir de forma a prevenir, evitar e não provocar acidentes, adaptando-se às características da via, às condições atmosféricas adversas e aos comportamentos dos outros condutores, utentes e peões.
 Não deve conduzir se não se sentir em boas condições físicas e psicológicas ou sobretudo se estiver sob efeito de drogas, medicamentos ou álcool. Esteja ciente que uma má decisão sua pode arruinar a vida de uma família!
 Ao entrar no veículo, a forma como se senta é primeira medida defensiva a ter em conta. As pernas devem ficar ligeiramente abertas e os braços ligeiramente fletidos. A posição das mãos no volante deve corresponder às “9:15” (posição dos ponteiros do relógio) para um maior conforto e mais facilmente ter a possibilidade de corrigir a trajetória, quando necessário. Coloque sempre o cinto de segurança e verifique o painel de instrumentos antes de iniciar qualquer percurso para se certificar de que não existem anomalias no seu veículo. Não fale ao telemóvel sob pena de comprometer a segurança rodoviária. Sinalize todas as suas intenções: os indicadores de mudança de direção (“piscas”) existem em todos os veículos, garanto-lhe, e ao sinalizar uma mudança de direção, uma paragem ou uma ultrapassagem está a permitir que os outros o vejam e entendam, com a devida antecedência, quais as suas pretensões.
 Tenha em conta que a prioridade não é um direito absoluto. Como tal, é fundamental desconfiar do comportamento dos outros utentes e antecipar cenários. Nos cruzamentos modere a velocidade, use a olhadela, utilize os espelhos retrovisores e esteja atento aos ângulos mortos (zonas e pontos que não se conseguem ver nos espelhos), se for preciso abdique da sua prioridade!
 Redobre a sua atenção perto de escolas, parques, passagens para peões e parques de estacionamento, pois desses locais podem surgir crianças. São elas os utentes de maior vulnerabilidade devido à sua baixa estatura, falta de noção dos riscos e imprevisibilidade.
 De acordo com o Instituto da Mobilidade e dos Transportes, 90% dos acidentes têm como fator causal principal o homem, pelo que defendo que é a ele, ao homem, enquanto condutor, que cabe evitar os acidentes. 
Há 14 anos atrás um condutor irresponsável, que decidiu falar ao telemóvel enquanto conduzia, tirou a vida ao meu pai e a troco de quê?! Quantas mais vidas ficarão a meio do caminho até que os condutores mudem de atitude?! Seja responsável! Pense antes de agir! Não arrisque! Sempre que alguém arrisca, há alguém que sofre! E a culpa de ter morto alguém? A culpa não morre nunca!
  Maria Marques Sócia-Gerente/Instrutora Escola de Condução Estrela do Nabão

Maria Marques estreia "A vida em 1 minuto!"

Mais um membro da nossa equipa foi convidado para deixar o seu contributo num dos Jornais de destaques da nossa cidade de Tomar. Desta vez, a nossa líder, a sócia-gerente Maria Marques, aceitou o convite para quinzenalmente escrever uma Crónica para o Jornal "O Templário". "A vida em 1 minuto!" tem como objectivo mudar a mentalidade dos condutores e sensibilizá-los de forma a combater a sinistralidade rodoviária. Com esta crónica assinada pela, também, Instrutora e Licenciada em Comunicação Social, a Estrela do Nabão está agora presente em todos os semanários de Tomar. Uma forma de estar mais perto de si!

terça-feira, 26 de agosto de 2014

FÉRIAS EM SEGURANÇA

O Aumento de tráfego, característico do período de férias, é responsável pelos “picos” de sinistralidade também eles há muito característicos dos meses de Julho e Agosto. Neste sentido, dado que a esmagadora maioria dos acidentes registados têm um grande peso do fator humano, compete ao condutor adotar comportamentos seguros, que lhe possibilitem alterar o panorama atual. Desta forma, sendo vários os fatores a considerar para evitar que se corram riscos desnecessários, apresento de seguida, alguns conselhos fáceis de seguir aquando da preparação da viagem. Assim: - Nunca inicie uma viagem sem ter descansado adequadamente ou se não for sua ideia compartilhar as horas de condução com outra pessoa. É que a fadiga habitual, típica de um dia de trabalho, acrescerá a resultante da própria actividade da conduzir; - Antes de dar inicio à viagem é conveniente planear cuidadosamente o itinerário a seguir, optando pela estrada que apresente maior segurança, mesmo que tal implique uma maior duração ou custo da viagem. Neste sentido, sempre que possível, opte por viajar em auto-estradas; - Deslocando-se de férias com familiares e/ou amigos em vários automóveis é conveniente combinarem previamente os pontos de encontro e de paragem, a fim de evitar o “stress” de estar sempre pendente da perda dos outros veículos, o que em muitos casos é responsável por condutas de risco, tais como ultrapassagem precipitadas e , portanto, muito perigosas; - Não estipule nunca uma hora fixa de chegada ao local de destino nem imponha metas exageradas de tempo ou distancia, é que na impossibilidade de as cumprir terá tendência para adotar condutas de risco, principalmente no que respeita a velocidade e ultrapassagem; - Certifique-se antecipadamente de que o veiculo se encontra em boas condições mecânicas. Para tal, antes de dar início à viagem confira especial atenção à pressão dos pneus, limpeza dos vidros e dos faróis, nível de óleo do motor, estado de funcionamento do limpa pára-brisas e nível do limpa-vidros; - Não carregue demasiado o veículo e distribua a bagagem correctamente, dado que tais procedimentos, aumentam a distância de travagem, provocando também alterações de estabilidade do veículo e do controle da tua direcção. Além disso, não transporte volumes soltos, possíveis de prejudicar a visibilidade do condutor ou de se deslocarem em andamento; - Não conduza nunca mais de que oito horas por dia, parando cerca de quinze minutos a cada duas horas de condução ou a cada 150 a 200Kms. Por outro lado, caso viaje num veículo de duas rodas tenha em atenção que será mais afetado pela fadiga, razão pela qual, deverá fazer paragens ainda mais frequentes, no máximo a cada hora a meia de condução; - Utilize sempre o cinto de segurança e certifique-se de que todos os passageiros o fazem também. Transportando crianças faça-o sempre no banco de trás, utilizando os sistemas de retenção homologados e adequado à sua idade, peso e tamanho; - Os alimentos devem ser ligeiros e fáceis de digerir, devendo assim ser evitados os flatulentos e os salgados. O pequeno-almoço deve ser mais abundante do que o habitual, principalmente sempre que a ele se sucede o início da viagem. As bebidas alcoólicas não devem nunca ser ingeridas. Beba muita água para evitar a fadiga muscular, sendo também benéfica a ingestão de sumos e/ou refrescos não gaseificados; - Pratique condução defensiva, não surpreenda nem se deixe surpreender; - Entre outros aspectos, viajar em segurança implica sempre manter a distância de segurança adequada, cumprir os limites de velocidade e, acima de tudo, não circular nunca a velocidade excessiva. Circulando à velocidade adequada fará, não só uma condução mais segura, como também mais económica. Boa Viagem! Diretor/Instrutor/Escola de Condução Estrela do Nabão

sábado, 21 de junho de 2014

ENSINO DA CONDUÇÃO EM PORTUGAL – ESTADO A QUE CHEGÁMOS

Temos assistido, nos últimos anos, a uma diminuição drástica da qualidade do ensino da condução em Portugal, consequência da “guerra” de preços desenfreada e da falta de regulação do sector. Já me debruçei em pormenor sobre isso em crónicas anteriores. Com as dificuldades económicas que grande parte das famílias portuguesas estão a atravessar, percebe-se que na hora de decidir tirar a carta de condução escolham o local onde o preço é mais baixo, mesmo sabendo que a qualidade do ensino vai ser pior. Acredito que o pensamento de muitos jovens será: “Com um pouco de sorte, aprovo à mesma no exame apesar de saber que não vou bem preparado para tal e ainda consigo poupar uns trocos”. Raramente isto resulta, mas colocando-me no lugar dos candidatos a condutores, sem conhecimento detalhado do funcionamento das escolas de condução percebo que pensem desta forma. Ora, caberia ao Estado, através de produção de legislação, criar regras para que tal não aconteça e através do organismo competente garantir que essas mesmas regras fossem cumpridas. Nem uma nem outra se verificam. Basta lembrar que o regime jurídico em vigor desde 1998 e estando completamente retalhado desde 2003, altura em que parte desse regime foi declarado inconstitucional pelo TC. Atualmente, essa falta de qualidade no ensino, não se reflecte nos dados da sinistralidade rodoviária, porque os números estão disfarçados pelas dificuldades económicas. Menor número de veículos em circulação, menor velocidade como forma de poupar combustível continuam a ser os motivos pelos quais o número de mortes e feridos graves na estrada, continua a diminuir ano após ano. Atualmente, a condução de veículos é uma condição quase essencial para grande parte da população satisfazer as necessidades de mobilidade, tanto a nível profissional como de lazer. As férias escolares, “estão à porta” é com grande motivação e alegria, que, os “nossos” jovens nos procuram para nesse período aproveitarem para “agarrarem a sua independência.” Tirar a carta de condução! Compreendo a vossa alegria, a vossa motivação e a vossa ansiedade para o início desta “etapa”. Não fico indiferente às vossas motivações, como também, não tenho estado “quieto”, na denúncia do que, vos pode acontecer, ao matricularem-se em certas escolas de condução low-cost, ou fomentadores de vigarices e crimes! É com grande mágoa e tristeza, que, diariamente “acolhemos” candidatos a condutores de vários pontos do país, trazendo atrás um rol de raiva e desânimo, afinal, gastaram dinheiro e nenhuma habilitação têm! Dada a gravidade do que se passa no sector, no passado mês de Abril, reuniram-se em Assembleia Geral da ANIECA, a deputada Carina de Oliveira, representante do parlamento, o presidente da ANSR, a responsável pelas contra-ordenações da ASAE, o presidente da ANIECA bem como um representante do IMT, onde tive a oportunidade de intervir, reforçando na denúncia pública a gravidade por que passa o sector, bem como as lesões que os candidatos, a condutores poderão sofrer, ao matricularem-se em algumas escolas de condução que, por aí sobrevivem à custa das pretensas vigarices! A outra opção, era calar-me, deixar de ser sério e navegar à vista como muitos, enganando um povo que, por vezes, parece que gosta! Poderá um dia, existir um momento, em que, não tenha mais nenhuma alternativa, mas, por enquanto, lutarei com todas as minhas forças para que esse dia nunca chegue. E por “aqui” continuarei para vos ajudar! DIRETOR/INSTRUTOR ESCOLA DE CONDUÇÃO ESTRELA DO NABÃO

quinta-feira, 22 de maio de 2014

O ENSINO DE CONDUÇÃO ENQUANTO MEDIDA ATIVA DE SEGURANÇA RODOVIÁRIA

Quem não ouviu já falar em equipamento de segurança ativa e passiva? Hoje em dia, na tentativa de evitar os acidentes ou de reduzir as suas consequências, é cada vez maior a oferta deste tipo de equipamento pelos diversos construtores de automóveis! No entanto, sendo o Homem o principal responsável pela ocorrência de acidentes – é ele o elemento pensante que utiliza o veículo sob as condições várias que lhe são oferecidas, também a ele devem ser especialmente dirigidas medidas que visem prevenir os acidentes ou diminuir as suas consequências. Assim, a par da melhoria da rede viária e dos veículos, a formação de condutores tem vindo a assumir um papel cada vez mais importante na diminuição global do número de acidentes. Na verdade, é ao ensino da condução automóvel que compete, entre outros aspetos, dotar os futuros condutores das ferramentas necessárias para serem capazes de reconhecerem os perigos e os riscos em tempo útil, evitar aqueles que se afigurem desnecessários e enfrentar os restantes, mediante o recurso às atitudes positivas e aos comportamentos mais adequados. Contudo, apesar de o ensino se encontrar cada vez mais adaptado às novas e sucessivas exigências do ambiente rodoviário, há aspectos que devem ser alvo de um constante aperfeiçoamento, devendo assim a melhoria da qualidade do ensino da condução automóvel estar presente na lista de prioridades dos seus responsáveis. As complexidades dos exames de condução, nada têm a haver com o que acontecia há 20 ou 30 anos, em que manusiar o automóvel era suficiente nos 5 ou 10 minutos de exame. Hoje, nos 40 minutos (minímo) de exame, quem não souber interligar o manuseamento do veículo com o código da estrada e a condução defensiva é mais que certo, que, terá que repetir a prova. Por outro lado, a preparação dos candidatos em termos de uma efetiva segurança rodoviária não poderá também deixar de passar pela vivência de um maior número de situações diversificadas de condução ao longo da sua formação. De facto, essa era outra das grandes lacunas do ensino há uns anos atrás; lembro-me por exemplo de assistir na formação de condutores, o não conduzir a noite, em auto-estrada, etc. Em contrapartida, perdi a conta ao número de vezes que vi estacionar o veículo das mais variadas formas possíveis. Na verdade, são muitos os condutores inexperientes que, encontrando-se sozinhos ao volante, se revelam incapazes de recuperar o controlo do veículo após uma ligeira derrapagem, ficando tal situação a dever-se ao facto de raramente terem vivenciado esta experiência durante a sua formação. Com o “nascimento” do ensino e escolas low-cost, veio “ao de cima” a má formação, com consequências dramáticas: quer em reprovações, quer nos sinistros automóveis, com perda de vidas de muitos jovens. O maior “cunho” que o instrutor, poderá deixar ao seu formando é: incutir-lhe atitudes positivas em relação à segurança rodoviária, de forma, que, ele aprove no primeiro exame e não se envolva ao longo da sua vida em algum trágico acidente rodoviário. Quando, candidatos a condutores dos mais diversos quadrantes da sociedade e locais do país nos procuram, é porque sabem que nós Escola de Condução Estrela do Nabão, trabalhamos diferente com os resultados que toda a comunicação social tem distinguido!. Posto isto, é importante partir sempre do princípio de que, embora a verdadeira experiência de condução só seja possivel de atingir alguns anos após o exame, a formação deverá, atuar como um modelo das atitudes e comportamentos a adotar após a obtenção da carta de condução! Diretor/Instrutor Escola de Condução Estrela do Nabão

segunda-feira, 28 de abril de 2014

A CONDUÇÃO E OS MEDICAMENTOS

Não sou capaz de iniciar este tema sem me lembrar que a crise aumentou “drasticamente” o número de doenças mentais. Em nome da santidade do seu orçamento, o Estado português é hoje uma aterrorizante máquina de roubo coletivo: roubo de empregos e de lucro legítimo das empresas; roubo de poupanças de anos; roubo de salários; roubo de pensões; roubo da vontade empreendedora dos cidadãos e, sobretudo, roubo da alma dos portugueses! Com tanta maldade feita aos portugueses, é natural, que a ansiedade, a depressão, os ataques de pânico e os transtornos obsessivo-compulsivos sejam as principais desordens da saúde mental de muitos portugueses. Mas a vida tem de continuar, as pessoas necessitam de conduzir o seu veículo e muitas vezes fazem-no sobre efeito de medicamentos. A condução é uma tarefa complexa que exige a recolha e integração de informação muito diversa que tem de ser devidamente tratada, requerendo respostas ajustadas e seguras às várias situações de trânsito com que o condutor se vai comportando. Poucos condutores sabem que os medicamentos, embora necessários para o bem-estar das pessoas, podem, nalgumas situações, prejudicar o desempenho físico e psíquico dos condutores. Não são só os medicamentos de utilização muito específica que podem afetar o estado psicofísico do condutor. Vários medicamentos de venda livre, considerados geralmente inócuos, como analgésicos (para as dores), antitússicos (xarope), anti-histamínicos (para as alergias), antigripais, diuréticos ou pomadas e gotas oftalmológicas podem ter consequências, afetando a segurança da condução. Quando um condutor está a tomar um medicamento em cujo folheto informativo se adverte que pode afetar a sua capacidade para a condução, deve levar isso a sério. Mesmo nos medicamentos que não requerem receita devem ter atenção às advertências constantes do prospeto. Seja qual for a medicação, há que estar atento aos seus efeitos secundários na capacidade de condução. Álcool e medicamentos – interação perigosa. Combinados com o álcool, os efeitos de certos medicamentos sobre as capacidades percetivas de concentração e de reação são multiplicados. Da mesma forma, os efeitos dos medicamentos podem potenciar os efeitos nocivos do álcool. Esta “conjugação” poderá potenciar o risco de sofrer um acidente. Alerto para um conjunto de situações que, certos medicamentos, provocam no condutor. Assim: - Sonolência; dificuldade de concentração; aumento do tempo de reação; perturbações da perceção; vertigens; náuseas; tremuras; dificuldade na coordenação motora; perda de noção do perigo; perturbações comportamentais; agressividade; condução irregular e dificuldade em manter a trajetória. Deixo um especial alerta aos candidatos a condutores: esqueçam o mito que devem tomar calmantes para exames, o risco de reprovarem aumenta consideravelmente. Aos candidatos a condutores que “a quente” se inscreveram nas escolas de condução low-cost e já reprovaram várias vezes, um abraço de solidariedade e embora compreenda o vosso estado de raiva e de impotência, não ingiram antidepressivos, em nada vos ajudará. Diretor/Instrutor Escola de Condução Estrela do Nabão

sexta-feira, 28 de março de 2014

O ACIDENTE E AS SEGURADORAS

Talvez nunca lhe tenha acontecido, mas já deve ter escutado alguém a comentar que a companhia de seguros não quer pagar o valor de reparação do seu veículo por este ultrapassar o valor venal do mesmo, isto é, o valor de mercado. Como é do conhecimento geral, existem muitos veículos a circular nas nossas estradas que nem valor comercial têm. É normal que isto aconteça, o povo cada vez mais empobrecido fruto dos constantes saques que estão sujeitos, não têm dinheiro para trocar de veículo. Lembre-se do seguinte, o seu veículo, seja ele qual for, tendo ele o valor que tiver, preenche-lhe as suas necessidades, pelo que para si, deixa de ser um bem transacionável. Assim, é legítimo dizer que o seu veículo vale o que o mercado estiver disposto a pagar por ele?! Claro que não! Atente-se para o seguinte facto: “um veículo usado fica desvalorizado e vale pouco dinheiro, mas mesmo assim, pode satisfazer as necessidades do dono, enquanto a quantia, por vezes irrisória, referente ao valor comercial, pode não reconstituir a situação que o lesado teria se não fosse o dono”. O Supremo Tribunal de Justiça, no acordão de 5 de Julho de 2007, in Coletânea de Jurisprudência, apreciou, com força de caso julgado, uma concreta situação de facto, cujo o sumário eu transcrevo: A privação do uso de veículo automóvel em consequência de danos sofridos em acidente de trânsito, constitui só por si um dano patrimonial indemnizável. Esse dano é avaliável em dinheiro, sendo a medida do dano definida pelo valor que tem no comércio a utilização desse veículo, durante o período em que o dono está dele privado. Caso recuse a proposta que a seguradora lhe fez, é perfeitamente normal que quem tem o processo em mãos lhe possa fazer algumas ameaças de forma bem mascarada, invocando o Decreto-Lei 291/07 e muitos mais. Não se assuste, o que a seguradora não quer é que você recorra a tribunal. Sempre que não concordar com o valor irrisório oferecido pelo seu veículo, invoque o Artº 562 do Código Civil, o principio geral é o da reconstituição da situação que existiria se não se tivesse verificado o evento que obriga à reparação do dano. Embora irónico, o leitor não pediu a ninguém para lhe destruírem o veículo, que tinha um determinado valor de mercado e que depois de destruida a sua propriedade, querem lhe pagar menos de metade do real valor do seu veículo. Só há uma palavra para definir esta situação: Injustiça. E quando há falta de justiça, o caminho certo são os tribunais. Nunca se intimide com o que diz ou escreve o perito da companhia de seguros. Como sabe, os peritos encontram-se ao serviço das companhias de seguros. Este facto faz com que, os juízes não valorizem muito o seu testemunho em tribunal. Isto acontece porque os magistrados sabem da parcialidade dos peritos! Tente evitar o acidente praticando condução defensiva, além de estar em causa a sua vida e a dos outros, o stress na relação com as seguradoras é algo que muitos de vocês não imaginam! Conduzam com segurança! Director / Instrutor Escola de Condução Estrela do Nabão

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Sono ao Volante

O sono é um fenómeno variado e complexo, em que o ser humano gasta quase um terço da sua vida, mas que a dada altura da sua vida causa problemas a milhões de pessoas. Os disturbios do sono são, uma das grandes causas de morte por acidente de trânsito, e também por falta de descanso ou devido à sonolência diurna que produz a “sindrome de apneia – hipopneia do sono”. A partir dos 50 anos é necessário dormir menos durante a noite, porém o sono é mais dificilmente controlado durante o dia. Já está provado que as pessoas toleram que se lhes vá subtraíndo horas de sono, pouco a pouco, no máximo de uma hora e meia, mas quando se atinge o limite de cinco horas e meia de descanso, começam a sentir-se mal. Atualmente, os jovens, privam-se de muitas horas de sono, dado que no fim de semana podem passar uma noite sem dormir e descansar no dia seguinte. Esta situação provoca perda de estabilidade no ciclo de sono-vigilia, com repercussão físicas e anímicas graves nos dias posteriores enquanto o jovem está desperto, com risco de acidente de viação. O sono insuficiente provoca alterações uturocognitivas, como sonolência diurna excessiva, humor alterado e um maior risco de acidentes de viação? A crise atual e o consequente desemprego “abana o próprio edificio social” e é natural que em situações de desespero aumentam as noites mal dormidas com consequências de irritabilidade e stress no trânsito. O condutor deverá estar sempre preparado para responder corretamente perante um imprevisto ou uma situação que possa ser “limite” e que com os distúrbios do sono não lhe será possível. Muitos tentam driblar o sono tomando café, abrindo a janela, mascando pastilha ou comendo alguma coisa codimentada. Nada disso resolve o problema. Evite conduzir entre as 3:30horas e 5:30horas ou logo depois de almoçar. São os momentos mais propensos a cair no sono. Principais formas de evitar a sonolência: Inicie a viagem bem repousado; Dividir as viagens mais longas em etapas e dormir o suficiente nas noites precedentes; Não estabelecer hora de chegada; Comer refeições ligeiras; Não ingerir bebidas alcóolicas; Ter em atenção que certos medicamentos podem provocar sonolência; Manter o veículo bem arejado; Ajustar o banco de forma a sentar-se confortavelmente (posição ergonómica); Parar de 10 a 15 minutos a cada 2 horas de condução, sair do veículo e caminhar um pouco, prolongando esse período se necessário. Não resistir ao sono, é preferível parar e dormir um pouco (20 a 40 minutos) ou “passar”, se possível, o volante a outra pessoa. Em jeito de reflexão: como formador CAM, muitas vezes sou conforntado com argumentos por parte dos condutores/formandos, relativos à inevitabilidade da sua vida stressada, tendo de trabalhar muitas horas, percorrer muitos quilómetros. Na realidade, de facto, muitas pessoas, têm um estilo de vida insustentável, com falta crónica de horas de sono, má alimentação, falta de exercício físico, e que, mais cedo ou mais tarde, terá consequência na sua saúde e potenciará a sua envolvência num sinistro rodoviário grave ou fatal, para si, para outros que viajam consigo ou que partilham o ambiente rodoviário. Bom descanso, não arrisque, a vida é única! Amilcar Ferreira Diretor/Instrutor Escola de Condução Estrela do Nabão

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Escolas de Condução “Low-Cost”

É com grande tristeza, que abordo este tema, mas, não poderia ficar indiferente a tantas solicitações de candidatos a condutores e encarregados de educação, para que, publicamente, denunciá-se esta “tramoia”. O conceito escola de condução “low-cost” vem na linha ideológica de ter um produto ou serviço a baixo custo em detrimento da qualidade. Ou seja, conseguir um título de condução com baixo custo, que a aprendizagem virá depois. Assim, em busca do barato, sem qualidade assegurada, a escola de condução “low-cost” seria a escola perfeita para quem pouco dinheiro queria gastar com este processo formativo. No entanto, tal como um produto que é adquirido numa dessas lojas asiáticas, barato e sem qualidade, o que faz com que se tenha de adquirir posteriormente um mais caro, também com a escola de condução low-cost, o barato pode sair muito caro. Não sou proprietário de nenhuma escola de condução, sou o diretor de uma das escolas de referência do país. Nada me move contra nenhum proprietário de escolas de condução . Preocupa-me, sim, como profissional, o pânico, o desespero daqueles que pensavam que “tiravam” a carta de condução por 300 ou 400 Euros, reprovaram várias vezes, gastaram mais de mil euros e não tem nenhum título de condução . Pensem então comigo: Ninguém poderá deslocar-se a uma escola de condução e perguntar quanto custa a carta de condução e porquê? O ter carta de condução, depende de aprovações em exames e o candidato poderá aprovar no primeiro exame ou não! Poderá em tese, até nunca aprovar. Hoje em dia, os exames são complexos, são exigentes. O resultado do exame depende, em muito, da qualidade da formação e onde vão as escolas de condução low-cost “buscar” o resto do dinheiro? É minha percepção que trabalham para a reprovação e vão buscá-lo ás reprovações! Uma vez que a carta de condução é para a vida, deverá a formação na aquisição desta ser efetuada em escola de condução com qualidade de formação e onde esteja garantida a prestação de um serviço que, dentro de valores médios aceitáveis, consigam implementar princípios de segurança, respeito e sociabilidade dos futuros condutores. Se tal acontecer, mesmo com as adaptações e alterações que se vão verificando ao longo da vida do condutor, algo estará sempre presente: a responsabilidade, as atitudes positivas na segurança e o respeito social de forma que ninguém passe pela “brutal dor” que, será, por exemplo: a perda de um filho, por consequência de uma formação sem qualidade. Amilcar Ferreira - Diretor/Instrutor Escola de Condução Estrela do Nabão